Imagem feita pelo fotógrafo Evandro Teixeira em 1968 mostra estudante de medicina durante manifestação contra regime militar no Rio de Janeiro.
DA REDAÇÃO | Com informações G1
Uma das fotos mais emblemáticas da repressão durante a ditadura militar no Brasil, que retrata um homem indo ao chão ao ser perseguido por dois policiais, em 1968, foi relembrada e circulou nas redes sociais acompanhada de uma mensagem falsa. O texto afirma que o homem perseguido era o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Esta foto não tem preço… O vagabundo do Lula apanhando” é o que aparece escrito na foto. A mensagem é #FAKE.
A foto foi tirada na Avenida Rio Branco, ao lado da Cinelândia, no Centro do Rio, no dia 21 de junho de 1968, durante uma manifestação estudantil contra a ditadura, num episódio que ficou conhecido como “Sexta-feira Sangrenta”.
O fotógrafo Evandro Teixeira, autor da foto, disse em entrevista a um pesquisador da Universidade Estadual de Londrina (UEL), publicada em 2012, que o homem que aparece na imagem era um estudante de medicina que morreu logo depois do tombo.
“Quando cheguei à Cinelândia eu ainda fotografei aquele estudante de medicina caindo. Ele bateu a cabeça no meio fio, em frente ao Teatro Municipal, deu um berro horroroso e morreu ali mesmo. E os policiais atrás de mim, mas não me pegaram não, eu corria muito mesmo, era bem magrelo. Veja que coisa: correndo da polícia, sem tempo de preparar a câmera para nada, consegui fazer uma fotografia que virou um símbolo da luta contra a ditadura militar no Brasil”, afirmou na entrevista de 2012.
Evandro Teixeira reafirmou o contexto e as informações prestadas, e explicou que posteriormente tentou descobrir a identidade do homem na foto para contar sua história, mas não conseguiu maiores informações. Ele acrescentou ainda que se sente chateado pela forma como a foto voltou a ser usada.
“Eu estava correndo em direção à Rio Branco quando topamos com a manifestação vindo na direção contrária e esse estudante veio correndo, levou duas bordoadas dos policiais, bateu a cabeça no meio-fio da calçada do Teatro Municipal e ficou estrebuchando. E quem morria na rua durante esses confrontos acabava não sendo identificado pelos familiares. Os corpos sumiam. Um tempo depois até fizemos uma matéria no ‘Jornal do Brasil’ procurando maiores informações, tentando identificar o rapaz e saber se ele sobreviveu, mas não tivemos nenhum retorno”, disse.
A foto foi estampada na capa da edição do dia 22 de junho de 1968 do “Jornal do Brasil”. Nesta época, de acordo com o Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva trabalhava na Metalúrgica Villares, em São Bernardo do Campo