Especialistas alegam que os principais motivos que explicam o aumento dos preços do produto nos estabelecimentos, são os problemas climáticos, os altos custos de produção e a indisponibilidade de gado para o abate
DA REDAÇÃO | Cultura & Realidade
De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), órgão que mede a inflação no país, publicado na última quinzena de março pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nos últimos 12 meses o preço da carne acumulou alta de 29,5%.
Em 2020, com aumento de 18% no preço da carne, os brasileiros puderam sentir o impacto em suas mesas. A carne continua registrando alta, em fevereiro deste ano teve um aumento de 1,72% em comparação ao mês de janeiro.
Com exceção da carne de porco que ficou mais barata em fevereiro com uma queda de 2,05% nos preços; a alcatra subiu 3,05%, o filé avançou 3,06% e o lagarto comum avançou 3,60%.
Diante da situação, os brasileiros tem optando por ovos e frango.
De acordo com Ricardo Nissen, especialista da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ouvido pelo G1. O que explica o aumento dos preços da carne no mercado é a falta de gado para abate, que vem caindo de forma mais acentuada desde 2020. Segundo ele, a situação começou em 2019 quando havia uma presença maior do abate de fêmeas. Isso levou a uma menor quantidade de bezerros atualmente o que, por sua vez, diminuiu a oferta do animal para o abate.
Para Nissen, outro motivo crucial foi a seca prolongada que aconteceu no final de 2020, o que levou a um atraso na produção do boi de pasto. “Sem o pasto o animal não obtém todos os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento completo, diante disso, a indústria precisa investir em implementação”, explica.
A desvalorização da moeda também agravou essa situação.
“A carne brasileira sofre duas ações do dólar. Ele tanto favorece a exportação, porque quanto mais a gente exporta, a gente recebe em dólar (…) Essas vendas aumentam quando a nossa moeda desvaloriza porque todos querem comprar do Brasil”, explica André Braz, coordenador do Índice de Preços do Consumidor (IPC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“Mas por outro lado, essa desvalorização na moeda também aumenta os custos da pecuária e da criação de outros animais”, complementa.
No final, todos esses custos são repassados ao consumidor final, fazendo com que os preços aumentem.
A aprovação de uma nova rodada do auxílio emergencial pode elevar a demanda por carnes e, consequentemente, elevar também os preços.
Com informações do G1