Não podemos deixar de buscar a satisfação de nossos desejos e depositar no outro essa responsabilidade
Por Luciana Kotaka*
O cenário é sempre o mesmo, entender o amor como algo externo a nós, uma necessidade de afeto que só é satisfeita com a presença amorosa de alguém ao nosso lado.
Desenvolvemos uma cultura sobre o amor que exclui o autocuidado, o amor próprio, nos levando a buscar sempre fora e nunca dentro. Uma isenção da responsabilidade, de um não se olhar, não identificar o que realmente é necessário para nos sentirmos satisfeitos e equilibrados.
A partir desse movimento onde a satisfação está fora, vamos desenvolvendo comportamentos disfuncionais utilizando os relacionamentos, a comida, as compras, drogas, sexo ou a internet para tamponar os incômodos, buscando a sensação de completude.
E quando focamos nos relacionamentos colocamos as nossas expectativas e idealizações no parceiro, ignorando que os mesmos não têm as mesmas necessidades ou percepções sobre a vida. Este fato nos coloca em uma posição de desigualdade, e é preciso muito autoconhecimento para evitar que todo o peso das nossas carências seja despejado no outro.
Quando isso ocorre, e garanto que a frequência é muito alta, os relacionamentos tendem a fracassarem, pois não há como viver a dois tentando cobrir as insatisfações que dependem de serem resolvidas por quem as sentem.
Se olharmos com atenção entenderemos como isso ocorre e os porquês, por isso é fundamental que cada um busque entender a própria falta, as suas carências e resolvê-las. Entender que esse sentimento foi gerado lá na infância, que pode ter ocorrido por diversos motivos, e que nesse momento, o melhor caminho é entender o que é de fato nosso e não do parceiro resolver.
Amar-se é possível quando você abre espaço para olhar para si mesmo, entender que é preciso se dar cuidados, ter seu espaço, atividades e amigos. Buscar por si só realizar desejos, ouvir a voz da intuição e se dar prioridade em muitas situações. Quando estamos atentos em dar espaço para nos sentirmos realizados e mais preenchidos, aí sim é possível que o parceiro consiga complementar e que juntos possam construir um caminho sustentável, uma relação saudável.