A nossa relação com o consumo desenfreado e a alternativa através do estilo de vida minimalista retratado no documentário “minimalismo já”
COLUNISTA | Cultura&Realidade, por Diogeano Marcelo de Lima
- GÊNERO: DOCUMENTÁRIO
- PLATAFORMA: NETFLIX
- TEMPO: 53 MIN.
- AVALIAÇÃO GERAL: 10,00/10,00
Sociedade de consumo, coisificação das pessoas, consumismo! O que essas três palavras têm em comum? O retrato de uma sociedade que está edificada em ter coisas.
Novidade? Em nível comportamental talvez nenhuma, quem sabe, o que tem mudado comparado a décadas atrás talvez seja o infindável número de opções, a facilidade em se possuir objetos que se tornaram mais acessíveis a todos os gostos e bolsos e claro, a massiva exposição a apelações publicitárias de todo tipo, em todos os lugares e a todo momento!
Não pretendo ser um hipócrita, acho importante você possuir as coisas que deseja com o fruto do próprio trabalho, afinal se trabalha para isso não é? Comprar um carro bacana, jantar em um restaurante que tenha um prato incrivelmente gostoso ao lado de quem é importante para você, usar boas roupas morar em uma casa confortável e funcional e poder de vez em quando viajar, tudo dentro de um consumo responsável.
No entanto, começar a acreditar que para sermos alguém é necessário comprar, que a felicidade depende da aquisição de coisas e que a qualidade de vida está atrelada a quantidade de sacolas que se carrega no shopping é um caminho que resultará apenas em pessoas carentes emocionais e endividadas. Basicamente, acaba-se comprando coisas não porque precisa e sim para se sentir aceito por determinados círculos de pessoas.
Contra este tipo de consumo, tem ganhado força um movimento chamado MINIMALISMO, onde entende que é possível viver bem com pouco porque no fim, menos é mais.
Mas não se engane, minimalismo não é abrir mão de consumir, ou de levar uma vida extremamente regrada, mas sim de abandonar o consumo pelo consumo, para viver com o que realmente é útil e funcional. Do que adianta ter uma Air Fry se não a usa?
O documentário “Minimalismo já”, produção original da plataforma Netflix, em seus apenas 53 minutos, consegue sintetizar a origem e os objetivos desse movimento a partir das histórias reais de Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus, pessoas comuns que descobriram não conseguirem alcançar a felicidade apesar de poderem consumir graças ao sucesso profissional que conquistaram.
Dirigido por Matt D’Avella, o documentário não abraça um tom panfletário ou anticapitalista, mas buscar mostrar que é possível viver melhor de uma forma simples, que há vantagem na simplicidade, valorizando momentos em vez de coisas, as quais devem ser adquiridas a partir da necessidade e não do desejo.
O documentário mostra que o minimalismo é nada mais que um estilo de vida, uma alternativa para a nossa busca por preencher nosso ser, nossa vida e tratar de traumas com o simples ato de comprar um novo objeto. Não é necessário mudar o mundo para mudarmos o nosso comportamento, é uma decisão pessoal que liberta da necessidade de consumir por mero impulso ou para preencher uma personalidade vazia.
No fim, o documentário traz um exercício para as pessoas começarem a praticar minimalismo, com uma boa olhada dentro de nossas casas, e separarmos quais os utensílios que realmente tem tido utilidade.
E aqueles que estão sem uso, dá-se as seguintes recomendações: vender, doar ou reciclar, é um exercício de solidariedade, separamos coias que não usamos mais e doarmos para pessoas que precisem mais que nós, que realmente deem uma destinação para aquele objeto, doações que não se limita apenas a roupas.
Por fim, consumir apenas para ter desnuda um vazio na personalidade que de tão superficial faz a própria existência parecer um fardo!
Comportamento típico de pessoas medíocres, que usa coisas como véu para encobrir a própria falta de conteúdo. Uma mentira que contamos a nós mesmos: de que somos especiais, únicos, aceitos e rodeados de “amigos”, que no fim só estão perto quando a carteira ainda está cheia.
O documentário “Minimalismo já” instiga a reflexão sobre o nosso próprio comportamento e nos faz questionar a respeito da qualidade de nossa relação com as nossas coisas e com as pessoas ao nosso redor, é realmente uma excelente recomendação que ira te surpreender.
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