Estamos presos à conectividade, às redes sociais e aos efeitos que elas produzem, e esse é um caminho sem volta
COLUNISTA | Cultura&Realidade, por Diogeano Marcelo de Lima
Iniciar o próximo texto desta coluna é sempre um peculiar desafio, haja vista que, sempre fico na dúvida qual será o próximo filme a ser indicado, pois não faltam obras extraordinárias merecedoras de indicação e da dedicação deste colunista para escrever algum aspecto positivo da obra.
No entanto, recentes acontecimentos na política internacional e até na política nacional tem trazido à tona um problema advindo com a ascensão da internet com as suas mais diversas redes sociais: as fakes News, a atuação de hates e de militantes cibernéticos na modelagem da opinião pública e consequente controle das massas.
Poucos filmes têm conseguido discutir o assunto com tanta profundidade e de forma tão impactante quando o filme polonês dirigido por Jan Komasa: REDE DE ÓDIO, (filme que se encontra disponível na plataforma da Netflix), embora trate de temas bastantes atuais possui uma trama totalmente imprevisível aguçando a curiosidade do expectador sobre o desenrolar da história prendendo a sua atenção do início ao fim.
Neste suspense, é possível perceber o tamanho do poder das redes sociais e a sua influência em nossas vidas, especialmente porque praticamente todas as pessoas estão presentes em uma ou várias redes sociais, em alguns casos desde o nascimento, já que alguns pais têm optado por criar perfis exclusivos para seus bebês, ou até mesmo para pets.
Por outro lado, pode-se notar o crescimento da importância das redes sociais para as pessoas, não sendo apenas uma ferramenta a serviço do ego, mas também um negócio rentável financeiramente, com o aparecimento de diversos “digitais influencers” ou “blogueiros”, como também são chamados.
Sem sombra de dúvidas, a internet e as redes sociais têm sua contribuição positiva, possibilitando o acesso a incontáveis informações capazes de agregar valor e criação de novos negócios, no entanto, junto com todo progresso vem as suas consequências.
Dentre elas, está a viralização de Fake News, o surgimento dos hater, que são capazes de manipular a opinião pública, incitar o ódio e a violência, desestabilizar instituições públicas e destruir a imagem das pessoas, e conforme mostrado no filme REDE DE ÓDIO, o hater se torna uma profissão, a tal ponto, que cria um serviço economicamente vantajoso, possibilitando o aparecimento de “agências” que agem nesse sentido, contratadas para destruir a imagem de pessoas.
O filme ainda mostra o comportamento instável do protagonista Tomasz Giemza (interpretado por Maciej Musialowski) que também age como stalkers (traduzido para o português: perseguidor) outro tipo de perigo das redes, onde o stalker persegue virtualmente uma pessoa específica dentro das redes, chegando, em alguns casos, a invadir a sua privacidade, como é o caso de um ex-namorado ou do admirador secreto que “vigia” através das redes o fruto da sua obsessão.
Não há como deixar de notar a profundidade com que REDE DE ÓDIO trata o tema, se aprofundando no comportamento dos personagens, nos fazendo, inclusive, sentir empatia com o protagonista Tomasz Giemza, algo parecido com a empatia que sentimos no filme solo do Coringa.
O recente acontecimento que chamou a atenção do mundo foi o atentado à democracia com a invasão do Capitólio, em Washington, uma clara demonstração do poder das redes sociais, haja vista que, os invasores conseguiram arregimentar mais apoiadores através da internet.
Tenho certeza que não irá se arrepender de assistir REDE DE ÓDIO, que além do divertimento em assistir a esse suspense tão impactante será as reflexões deixadas no que diz respeito a influência que a internet e as redes sociais têm em nossas vidas.
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