TSE anula resultados das eleições 2020, para prefeito e vice-prefeito de João Dourado e determina a realização de eleições complementares. Contextos jurídicos e políticos geraram incertezas e o nome de Fernando de Celso surge como alternativa.
DA REDAÇÃO I Cultura&Realidade
O advogado Fernando de Celso (PT) confirmou ao site Cultura&Realidade, em primeira mão, que está pré-candidato a prefeito nas eleições complementares que serão realizadas no município de João Dourado ainda este ano, em data a ser definida pelo Tribunal Regional Eleitoral da Bahia – TRE.
As novas disputas pelos cargos de prefeito/a e vice-prefeito/a estão confirmadas em razão da decisão do Tribunal Superior Eleitoral – TSE, que em julgamento eletrônico iniciado na última sexta-feira, 12 e encerrado na tarde desta quinta-feira, 18, anulou os resultados das eleições realizadas em 2020 no município.
Na disputa do ano passado, a chapa liderada pelo agricultor Di Cardoso (Diamerson Costa Cardoso Dourado/PL) e Rita de Dr. Celso (Rita de Cassia Amorim do Amaral/PT) sagrou-se vitoriosa com 52,35% dos votos, uma frente de 4,7% da chapa composta pelo ex-vereador e agricultor Juninho (Abimael Dourado Lima Júnior/PSD) e Joanite de Rui (Joanite Ribeiro da Silva Dourado/MDB) que obteve 47,65% da votação.
O percentual confirmou resultado de pesquisa realizada pelo Instituto Baiano de Opinião Pública – IBOP, que à cerca de 15 dias do pleito, previu uma vitória apertada de Di Cardoso (PL), na ordem de 1% de frente, em margem de erro prevista de 5% para mais ou para menos.
MANOBRAS
Di Cardoso, apontado como líder de uma família que se mantem favorecida nos espaços de poder há muitos anos, participou dos primeiros 60 dias da gestão do prefeito Dr. Celso Loula, que era reconhecido como pessoa de bom coração, reconhecido por buscar o diálogo e evitar enfrentamentos conflituosos. Tal postura favoreceu, segundo análises de lideranças que se opõem à família Cardoso, o oportunismo de Di Cardoso, que teria participado tão somente por pouco tempo da gestão de Dr. Celso, aproveitando-se da confiança nele depositada, apenas para assegurar contratos e empregos comissionados e de livre nomeação, a membros da sua família, resultando em faturamento acima de R$ 5 milhões, que, embora sem vícios aparentes de ilegalidade, caracterizam privilégios que prejudicam a isonomia, característica de interesse da gestão pública que assegura possiblidades iguais a diferentes pessoas e empreendimentos, o que poderia otimizar o erário e estabelecer melhores serviços para a população.
Os apontamentos foram feitos por vereadores da oposição, tendo como base, documentos de prestação de contas apresentados ao Tribunal de Contas dos Municípios, publicados no Diário Oficial.
Com a surpreendente morte de Dr. Celso Loula, ainda no exercício do mandato de prefeito, na segunda quinzena do mês de setembro do ano passado, quando se iniciava a campanha para a sua reeleição, sua esposa, que era presidenta da Câmara de Vereadores naquela oportunidade, assumiu o mandato de prefeita, visto que o vice-prefeito Adriano Alves Nunes havia falecido em um acidente de trânsito, nos primeiros dias da gestão, em 2017.
Por regramento eleitoral, Rita de Dr. Celso, só poderia disputar o cargo de prefeita naquelas eleições, considerando que a norma estabelece, que para disputar cargo diferente, a mesma deveria se desincompatibilizar seis meses antes da eleição.
Apesar disso, foi convencida pelas argumentações “cardosistas”, a desistir da cabeça de chapa e disputar na condição de vice-prefeita, abrindo caminho para Di Cardoso. Deu errado. Um erro crasso que macula os currículos de toda a equipe de coordenação de campanha e da sua assessoria jurídica.
A Justiça Eleitoral, chamada à correção, suspendeu os diplomas do prefeito eleito Di Cardoso e da Vice-Prefeita Rita. O TSE manteve a sentença e nesta quinta-feira determinou a nulidade da última eleição, restando ao TRE-BA, a realização de eleições complementares no município, apenas para os cargos do Poder Executivo.
OPOSIÇÃO TAMBÉM É RÉ, NOS CORREDORES DA JUSTIÇA
Se de um lado, o grupo de Di Cardoso foi derrotado na justiça e pesa sobre ele o sentimento de ganância, por outro lado, Juninho também se encontra nos corredores da justiça como réu, respondendo processo por erros na prestação de contas da campanha eleitoral de 2016, quando perdeu a disputa da prefeitura para Dr. Celso, praticamente pelo mesmo percentual da mais recente: 52.33%, contra 47,67%.
O QUE DIZ FERNANDO?
Fernando de Celso, filiado ao Partido dos Trabalhadores, tem 39 anos, é advogado, formado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais e casado com Carolina Vieira Leão, com quem tem três filhos. Ele atuou como Procurador Geral do Município de Irecê, na primeira gestão do prefeito Elmo Vaz, cargo que deixou para ajudar o seu pai, o então prefeito de João Dourado, Dr. Celso Loula, onde foi Secretário de Governo.
Sua candidatura surge em um momento de muitas incertezas e articulações políticas recheadas de problemas jurídicos e manobras que superam as expectativas dos bastidores do mundo político.
“Estou pré-candidato a prefeito de João Dourado. Não posso me recusar, neste momento, a resgatar o legado do meu pai. Estive com ele nos momentos de maior dificuldade da vida dele, tanto da sua saúde, como da sua gestão. Vamos restabelecer o projeto político e administrativo de interesse do nosso município, que se encontra em um vendaval de incertezas. Além dos problemas de ordem política, João Dourado vive uma onda de medo que exige de todos nós muito discernimento e desprendimento, visando políticas públicas focadas na cultura de paz, na promoção da assistência social, saúde pública e desenvolvimento. Vamos restabelecer a nossa capacidade de sonhar, trabalhar e devolver o ciclo de prosperidade para a nossa população, com mais emprego e renda”, disse ele por telefone ao site Cultura&Realidade.
Sobre as articulações políticas para viabilizar sua candidatura, Fernando disse que tem um bom relacionamento com todas as correntes políticas e que não vê dificuldades de se colocar como a alternativa para a ponte de entendimento entre os diferentes grupos. “Respeito e pretendo dialogar com todas as lideranças. As pessoas que pensam e atuam na política de João Dourado sabem que posso devolver a tranquilidade política necessária para um projeto de desenvolvimento social e econômico bem sucedido. Espero consolidar um bom projeto para João Dourado, de modo a definir um grande pacto para restabelecer o caminho da prosperidade do nosso povo”, concluiu.