‘Conversa’ recebeu Raoni Metuktire, cotado para o Nobel da Paz 2020
DA REDAÇÃO | G1
Cacique indígena da etnia Kaiapó, o entrevistado do Conversa com Bial de quinta-feira, 3/12, era um dos favoritos ao Nobel da Paz deste ano. Nascido e criado às bases do Xingu, Raoni Metuktire formou-se diplomata na prática, dialogando com chefes de estado de diferentes épocas e ideologias. Na definição de Pedro Bial, é o último grande estadista do século 20, globalmente reconhecido e celebrado. “Ele levou o nome e a causa de seu povo a todo o mundo, e assim fazendo também elevou o nome do Brasil.”
O ano de 2020 não foi fácil para o Cacique: em junho ele perdeu Bekuika, sua companheira de vida, em julho sofreu com uma infecção intestinal e em setembro contraiu Covid-19.
“Eu perdi a minha esposa, mas mesmo assim decidi seguir em frente com a minha luta. Os nossos antepassados, nossas avós e avôs foram os primeiros habitantes desta terra aqui, e antes não existia esta destruição depois vocês brancos cruzaram o mar e chegaram aqui até nos. Vocês vieram em barcos e chegaram até aqui, onde vivam os nossos antepassados, e vocês os enganaram. Mas vocês não conseguiram fechar meus olhos nem tapar meus ouvidos. Os garimpeiros, os madeireiros, os fazendeiros estão neste momento destruindo a nossa floresta, e eu não posso aceitar.”
Entre os admiradores e “caraíbas” (brancos) aliados de Raoni está o cantor Sting, antológico vocalista do The Police. Ele relembrou conversa com Sting quando estava no hospital: “É um verdadeiro amigo”.
Entre os que já o insultaram está o presidente Jair Bolsonaro, que em discurso sobre a Amazônia na ONU em 2019 afirmou: “acabou o monopólio de Raoni”. Pedro Bial perguntou se ele teria alguma mensagem para o presidente, mas Raoni disse que não.
“Para mim não tem importância o que ele fala. Eu vou seguir a minha luta. Você entendeu?”