Prof. Dr. Alan Oliveira Machado
Um animal político é um animal da pólis. Pólis é cidade, lá no longínquo texto aristotélico que trata de como os seres humanos dependem da vida gregária para existirem enquanto tais. Irecê é uma pólis, bem no sentido que Aristóteles quer dar ao ajuntado de gente que precisa combater o desarrazoado do comportamento individual para viver, criar e produzir com todos e para todos. O demos, esse todo de gente que regula o poder, por isso democracia, é a multidão que sobrepõe a hybris, ou seja, o desarrazoado individual. Para que a hybris não prevaleça sobre o todo, sobre os anseios e desejos da maioria é preciso que a política, esse exercício de regulação e efetivação do poder na cidade, seja plural, busque o bem de todos. O próprio Aristóteles é quem diz que “uma cidade é, por natureza, uma pluralidade”. Se na pólis passa a prevalecer os desejos e interesses privados de determinados políticos, ou melhor, a hybris que lhes domina, a cidade se converterá em casa e de casa ao homem que a habita. Seria isso o triste fim do sentido democrático da política e perceptivelmente é também o que se repete na política brasileira e que devemos combater com todas as forças.
Com esse entendimento é que me volto para as candidaturas jovens que surgem neste pleito em Irecê, sobretudo aos projetos coletivos liderados por mulheres. Digo isso pensando na candidatura de Isis Teixeira, jovem militante de causas sociais, que vi nascer e que cresceu sob o signo da resistência e da luta para romper com os desígnios reacionários cheios de hybris patriarcais e conservadoras, coisa que foi objeto de rupturas comportamentais empreendidas já nas tentativas de seus pais. O exemplo de resistência dessa menina, já grande mulher, cheia de consciência, em parte, provavelmente vem da consciência dos pais. É um alento constatar isso até porque nem sempre os pais legam aos filhos uma história de enfrentamento e de compreensão da realidade suficientes para formar uma pessoa combativa e propositiva, compromissada com o bem comum.
A jovem Isis Teixeira é uma feliz exceção. Por isso mesmo, sua disposição em enfrentar corajosamente as estruturas conservadoras da política ireceense, em propor uma forma coletiva, cidadã de fazer política, deve ser levada muito a sério por qualquer cidadão de bem desse município. Até porque não se trata, ao apoiá-la, de referendar a asquerosa política tradicional da região, tomada desde tempos imemoriais pelo coronelismo e pelo individualismo, pelo personalismo que enxerga sempre a comunidade e o eleitor como um curral e um rebanho a seu serviço e a serviço dos desarrazoados individuais que representam seus interesses políticos. O município de Irecê ganha muito ao investir em um giro de renovação dos ares tão poluídos da política local. Por isso mesmo, indico Isis Teixeira. Como se costuma dizer em momentos decisivos: eu sou Isis.
Sou isis