Marina Silva tende a se posicionar pela manutenção da Rede enquanto partido, independente do Fundo Partidário - Foto: ilustração
Por Isadora Peron - Jornalista
BRASÍLIA - Principal nome do Rede Sustentabilidade, a ex-senadora Marina Silva resiste em pôr um fim à legenda e diz que o fato de ficar sem recursos do fundo partidário não é "determinante" para definir se o partido deve ou não ser incorporado a outra legenda, como o PPS.
Em entrevista ao Valor, Marina afirma que, diante da atual conjuntura, é preciso levar em conta a importância que o partido terá no debate político, especialmente no campo da defesa do meio ambiente.
"No momento em que a agenda ambiental está sendo estilhaçada, a Rede tem um papel histórico a cumprir e não vai ser por causa de fundo partidário que vai abrir mão disso. O nosso legado é um legado que está vivo, mesmo não tendo feito a cláusula de barreira", diz.
A decisão sobre o futuro do Rede criou um racha no partido e fez o grupo adiar para março o congresso nacional que discutirá o assunto. O encontro seria realizado neste fim de semana, em Brasília.
Até o fim do ano, a incorporação do partido de Marina pelo PPS era dada como certa, já que o Rede não atingiu a cláusula de barreira e enfrentará uma série de restrições - especialmente a falta de recursos - se decidir manter a atividade partidária.
Para a ex-senadora, com exceção da disputa presidencial - em que ela alcançou apenas 1% dos votos - o Rede teve bom desempenho nas urnas de 2018, levando em conta que o partido tem apenas três anos de existência e participou da sua primeira eleição nacional.
"Eleger cinco senadores, sem dinheiro, sem tempo de televisão, é uma demonstração de que ter um partido que tem compromisso programático e abre espaço para novas lideranças é possível, a sociedade quer isso", diz.
Segundo Marina, há espaço para que o grupo migre para o PPS, até mesmo em termos programáticos, mas ela defende que o ideal seria encontrar uma forma para que os partidos atuem juntos, em um bloco no Congresso.
Além das restrições para repasse do fundo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, determinou que os partidos que não alcançaram a cláusula de barreira não podem ter liderança nem lugar nas comissões temáticas, o que limita muito a atuação parlamentar.
O Rede já acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão de Maia.
Da redação, com informações do site "Valor Econômico".