Bate-papo com os convidados: gênero, sexualidade e educação. Foto: Arquivo pessoal do professor Gleiton Sales
Najara Alves*
A intolerância com os diferentes, que sempre ocorreu, tem se ampliado neste momento em que ocorre uma ebulição do pensamento ultraconservador. É neste contexto que o auditório da Universidade do Estado da Bahia - Campus XIII – Itaberaba-BA, recebeu a “Semana Pedagógica para refletir gênero, sexualidade e educação, realizado pelo Colegiado de Pedagogia, sob organização dos professores Gleiton Sales e Silvano Suzarte.
De acordo com Gleiton Sales, o tema “Se eu fosse eu: Gêneros, Sexualidades e Educações que foi escolhido no fórum de pedagogia, ocorrido no ano de 2015, é pertinente e se faz necessário nos dias atuais”.
“O tema e a realização do evento é algo para além da Universidade”, salienta Silvano Suzarte. Ele destaca que “como educadores pensamos que estas discussões são importantes para desconstruirmos conceitos que leva ao sexismo. Falar de gênero é falar de poder, é falar da mulher na sociedade, no mercado de trabalho e no mundo. Falar de gênero é falar das múltiplas identidades que existem para além da visão binarista. Precisamos discutir estas questões para pararmos com os feminicídios, homofobia, lgbtfobia e outras formas preconceituosas que perpetuam na sociedade”.
O goiano Avelino Mendes Fortuna, integrante do grupo “Mães Pela Diversidade”, também foi painelista do evento. Ele apresentou as vivências do grupo que é composto por mães e pais de pessoas LGBTT, que se aliaram ao combate a lgbtfobia. Ele tratou especialmente sobre as famílias dessas pessoas.
Ainda durante a semana pedagógica, o acadêmico do curso de História, Janielson Oliveira, relatou que muitos alunos e professores ficaram chocados com o fato de um pastor de uma igreja evangélica ter ido até às emissoras de rádios de Itaberaba, pedir para que as pessoas não comparecessem ao evento.
Janielson disse que o líder religioso, disse nas suas investidas midiáticas, que o evento “era coisa de Satanás”. Para o estudante, “o evento foi muito relevante pois, aprendi que precisamos desconstruir os preconceitos principalmente os oriundos das religiões, que em sua grande parte discrimina, a Semana de Pedagogia, que não só falou de um tema polêmico que a sociedade reprime, mas que acima de tudo mostrou a importância do lado humano que cada indivíduo tem em sua essência, e que merece respeito independente de gênero e sexualidade”.
Já a estudante do curso de Letras, Rafaela Santos afirmou que é preciso discutir com mais frequência esses temas e levá-los além dos muros da própria universidade. “A Universidade é só o primeiro passo para que seja levada essas discussões para a nossa comunidade, para as nossas casas, entre outros tantos lugares para acabar com todas as formas de preconceito, acreditando que os debates devem ir muito além”.
PARTICIPAÇÃO - Estiveram presentes graduandos em educação, pedagogos, gestores e docentes da educação básica, professores da educação profissional, docentes da educação de jovens e adultos (EJA), comunidade externa e pesquisadores.
A programação ocorreu no período de 25 a 27 de outubro, com debates, painéis, oficinas, apresentação de trabalhos, performance e outras atividades culturais.
*Graduanda do curso de Comunicação Social / Jornalismo em Multimeios e Assessora da UNEB, Campus XXIII - Seabra-Bahia.